_ Pois bem, pois bem... O que aconteceu esse ano?
_ Um monte de coisas, é o que dizem.
_ Quanto amor você dispensou esse ano? Gastou amor à toa, será?
_ Amor não se acaba logo, não se acaba fácil.
_Quantas vezes você se sentiu só esse ano, menina?
_ E isso lá é coisa que se conte? É como saber dizer exatamente quantos sorrisos você deu num ano.
_ Quantos foram realmente verdadeiros e quantos foram para que falassem como o seu sorriso é bonito? Já disse que elogio pedido é elogio desperdiçado.
_ Mas quando se está só, pede-se de um jeito quase mudo. Às vezes vale.
_ Quantos aniversários você esqueceu esse ano? Quantas novidades você soube por último? Quantos telefonemas você recebeu? E quantos deu? Quantas vezes quis ser lembrada? Quantas músicas você ouviu? Quanto você sentiu esse ano? Quantas vezes você quis gritar? Chorar? Se teletransportar? Diga pra mim, mocinha, quantas vezes você sentiu saudade esse ano?
_ Estou cada vez pior, de contas e de memória. Agora me diga, doutor: o que meus olhos te dizem?
_ Ah, menina...