.vontade.
Daí eu pegaria o carro e dirigiria com velocidade. Passaria aquela quinta marcha que eu nunca passei e sentiria o vento entrando pela janela. Me daria o direito de parar para esticar as pernas e tomar um picolé de limão da Fruttare. Depois, passaria filtro solar nos braços e no rosto, nos ombros e nos pés e seguiria de novo. Quando chegasse à praia, eu abriria os braços, respiraria fundo, chegaria perto do mar como quem não quer entrar, molharia os pés, sentiria a água e, enfim, entraria.
Molharia a mão direita e faria o sinal-da-cruz. E iria pro fundo. E mais. E mais. E mais um pouco. Tentaria achar o chão, mas ele estaria tão longe... Ficaria me sustentando nas pernas até sentir medo de estar ali sozinha. Voltaria pra o raso e boiaria até perder o ponto de partida.
Sairia molhada, apertaria os cabelos, daria três, quatro, cinco pulinhos naquele ritual que de nada adianta, já que depois é a hora do banho de água doce. De novo mais cinco, seis, sete pulinhos, e eu partiria de volta pra casa.