
hoje reparei que meus olhos são do tamanho da saudade.
de uma saudade quase eterna, às vezes mais forte do que eu posso suportar sem desabafar, às vezes fraca... mas constante.
é um sentimento estranho a saudade, a gente aprende a se acostumar com ela, mas é mal-acostumado. um serviço mal feito da nossa parte, porque a gente insiste em sentir saudade.
e sentir saudade já implica naquele sofrimento todo que nos leva a fazer umas coisas estranhas. é um choramingo sem lágrima, uma desilusãozinha, um num-sei-o-quê que falta e que era o componente mais importante da receita do sorriso bobo que a gente dá quando está do lado do namorado que viaja, ou comendo a comidinha preparada pela mamãe, ou lembrando um pagode antigo daqueles que você jamais cantaria sozinho, mas que no meio de um monte de amigos antigos tem toda a graça. aquele sorriso bobo de que a gente sente saudade, sabe qual é? pois é...
a gente vive pra ter saudade. e isso, é claro, está intimamente relacionado ao tempo.
esse danado desse tempo que é onipresente. porque a gente se acostuma com ele e ele não pára nem um pouquinho pra conversar conosco e saber se a gente quer mesmo que ele passe, demonstrando assim uma ingratidão que não cabe numa hora, num dia, num mês, num ano, nem numa vida inteira...
gosto da saudade e do tempo. queria viver sem nenhum deles, dar ao meu coração o tempo que o tempo não dá pra ele se recuperar das feridas da saudade.
saudade de todos, saudade de muita coisa... SAUDADE.